Segundo uma lenda chinesa, no ano 2737 a.C., o imperador Shen Nung estava a descansar uma árvore quando algumas folhas caíram numa vasilha de água os seus servos ferviam para beber. Atraído pelo aroma, Shen Nung provou o líquido e adorou. Nascia aí, o chá.
Provavelmente esta história nem seja verdadeira, mas dá um ar romântico à origem de uma bebida conhecida mundialmente.
Provavelmente esta história nem seja verdadeira, mas dá um ar romântico à origem de uma bebida conhecida mundialmente.
Esta lenda é divulgada como a primeira referência das folhas de chá verde, que é proveniente da planta Camellia Sinensis, originária da China e Índia. O chá vermelho Pu Erh vem de uma variante desta árvore, mas cuja folha é maior.
No inicio do séc. IX, a cultura do chá foi introduzida no Japão por monges budistas que levaram algumas sementes da China. A cultura teve êxito e desenvolveu-se rapidamente. O chá sofreu nestes dois países - China e Japão - uma evolução extraordinária, abrangendo não só meio técnico e econômico, mas também os meios artísticos, poéticos, filosóficos e até religiosos. No Japão, por exemplo, o chá é protagonista de um cerimonial complexo e de grande significado.
A chegada do chá à Europa não foi rápida.
A chegada do chá à Europa não foi rápida.
As referências mais antigas que se encontram na literatura europeia no que respeita ao chá são atribuídas a Marco Pólo, no relato da sua viagem, e ao português Gaspar da Cruz, que teria citado o chá numa carta dirigida ao seu soberano.
A partir desta árvore, são produzidos os seguintes chás:
Verde - As folhas vão para a secagem logo após a colheita.O seu sabor é um ligeiramente amargo. As folhas são apenas passadas pelo calor, imediatamente após colheita, evitando, assim, a fermentação. O chá Gyokuro (gotas de orvalho), do Japão, é considerado um dos melhores chás - pois as suas folhas são cobertas com tela antes da colheita e, assim, preservam a clorofila e perdem teína, ficando adocicadas.
Preto - As folhas sofrem um processo de fermentação que confere ao líquido um tom avermelhado escuro e um sabor intenso. As folhas são colocadas em tanques fechados até fermentarem. Depois elas são aquecidas e desidratadas.
Oolong - Sofre um processo de fermentação muito curto. Uma secagem rápida é feita logo após a colheita. Depois as folhas vão para um tanque, para fermentar, mas o processo é interrompido no início. O sabor é suave. Este chá é o menos comum no mundo ocidental.
Aromatizados - Qualquer chá, independentemente do tratamento pelo qual tenha passado, pode receber a adição de outras folhas, frutas secas ou flores, cujo sabor se mistura com o seu.
As virtudes medicinais do chá são de conhecimento milenar, especialmente seu efeito estimulante. Mas actualmente, a ciência está a comprovar as suas propriedades terapêuticas e cosméticas. E isso está acontecendo com o chá verde, considerado atualmente um aliado da saúde por ser rico em flavonóides - substâncias antioxidantes que ajudam a neutralizar os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento celular precoce. Também está comprovado que o chá verde ajuda a diminuir as taxas de colesterol e activa o sistema imunológico. As virtudes do chá verde na prevenção do cancro, já muito divulgadas actualmente, vêm do facto de que ele é rico em bioflavonóides e catequinas, substâncias que bloqueiam as alterações celulares que dão origem aos tumores.
Além de conter manganês, potássio, ácido fólico e as vitaminas C, K, B1 e B2, o chá verde ajuda a prevenir doenças cardíacas e circulatórias por conter boa dose de tanino: o consumo diário desse chá diminui as taxas do LDL (colesterol que faz mal à saúde) e fortalece as artérias e veias.
Mas as boas notícias não acabam aí: está comprovado que o chá verde acelera o metabolismo e ajuda a queimar gordura corporal. Um dos estudos foi realizado na Suíça com três grupos de pessoas que seguiram a mesma dieta. O resultado: o grupo que recebeu chá verde teve aumento de 4% na velocidade de queima das calorias no organismo e de 5% na queima de calorias em relação aos outros dois grupos pesquisados.
Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, demonstrou que extrato de chá verde - que possui altas concentrações de antioxidantes como catequina, polifenóis e muitos outros compostos incluindo cafeína - pode aumentar a utilização de energia muito acima dos efeitos da cafeína pura.
Pesquisadores acreditam, ainda,que o hábito de beber chá em vez de café é um dos factores responsáveis pelo menor índice de enfarte em países do Oriente. E como se não bastasse, comprovou-se também que as substâncias presentes no chá verde ajudam a prevenir cáries, têm ação anti-inflamatória e antigripal, activam o sistema imunológico e regeneram a pele.
Os princípios curativos e regeneradores da Camellia sinensis enriquecem os cosméticos que prometem recuperar o brilho da pele e dos cabelos. Tanto que as indústrias de cosméticos incluem os extratos das folhas em fórmulas de produtos como cremes e loções. Substâncias presentes na Camellia sinensis também dissolvem gorduras e são eficazes no tratamento de celulite e gordura localizada.
Na área da dermatologia, a novidade é que o chá verde pode proteger contra os efeitos nocivos do sol. Segundo a revista, "o assunto foi um dos mais comentados do último congresso da Academia Americana de Dermatologia, por causa de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nova Jersey". Eles descobriram que o chá, transformado em creme, melhora o sistema de defesa das células da pele contra os raios ultravioleta do tipo B, aqueles responsáveis pelo vermelho-pimentão. Ao reduzir a inflamação causada por essa radiação, o chá verde aumentaria a proteção contra o cancro de pele. A descoberta pode ser o ponto de partida para a produção de uma nova família de loções.
Mas um estudo muito recente, elaborado na Universidade da Califórnia do Sul, veio mostrar um efeito inesperado do chá verde em pacientes tratados com um medicamento contra o cancro. Contra as expectativas dos investigadores, verificou-se que um dos componentes do chá verde (GTE) destrói as componentes anti - cancerígenas de um medicamento utilizado na luta contra o cancro. Com base neste estudo, é desaconselhado que os pacientes em tratamentos contra o cancro.
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